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Por Arley da Cruz
A lembrança! Nossa capacidade de lembrar é realmente impressionante. Podemos lembrar de pessoas, sabores, lugares, momentos, bons ou ruins. Podemos também querer esquecer certas lembranças que já não são necessárias. O dia 20 de novembro é pra lembrar. Lembrar daquelas pessoas que são discriminadas por causa da sua cor. Dia da Consciência Negra. Infelizmente tem sido cada vez mais necessário reforçar que negros merecem respeito como se no transcurso da vida não tivessem sido desrespeitados o suficiente.
A cidade de Luziânia foi, desde sua origem, forjada, construída com mão-de-obra negra. Muita mão-de-obra, pé-de-obra, coxa-de-obra, trabalho de escravizados que sofreram para construir de igrejas a casas dos seus ‘donos’. Trabalho, trabalho e mais trabalho. Agora, você sabia disso?
12.984 escravizados no arraial de Santa Luzia. Quase 80% da população eram de escravizados, alguns foros, outros tanto ainda cativos. Rememoro também os milhares de indígenas que já habitavam por esses vales, caçando, pescando e vivendo, só que foram dizimados pelos invasores e jogados na vala da indiferença. Mas por quê talvez não saibamos disso? Eu digo que é o método Luziânia. É a maneira de realizar as coisas, a construção do esquecimento. É de propósito. Não se sabe quem foi que construiu as edificações bicentenárias de Luziânia. Eu sei, foi mão-de-obra, pé-de-obra, coxa-de-obra, cabeça-de-obra, corpo-de-obra dos escravizados de Luziânia. No roteiro de um filme que estou produzindo, vou tentar retratar e restaurar a memória de como o trabalho dos negros realmente construiu a cidade de Luziânia ao longo dos séculos. Merecem serem reconhecidos devidamente por tudo que realizaram e com isso talvez, jamais serem esquecidos.