Crônica do Dia - Obrigado pela educação - Rede Luziânia

Se posso ler, posso escrever, que bom é poder. Quando me dei conta de que tinha a capacidade de escrever fiquei feliz e triste ao mesmo tempo. Minha mãe era professora e meu pai um fotógrafo e corretor de imóveis entusiasta pela educação, especialmente a gramática e a matemática. Papai era exigente no entendimento das coisas. Eu e meus três irmãos precisávamos entender o mundo ao nosso redor, era uma exigência, um requisito em nossa casa. Por ser o caçula da casa, me safava de certos deveres educacionais. Deixa o bichinho, dizia meu pai, ele ainda está aprendendo as coisas. Os imensos artigos de opinião ou editorial do jornal Correio Braziliense de domingo eram de leitura obrigatória para grandes e pequenos. Nessa hora saber ler era difícil. Como poderia eu, um mancebo de 8 anos entender o desespero do editor com a inflação do governo Sarney? O mais difícil para mim eram as lições da matemática, as tabuadas tomadas por mamãe e papai. Absolutamente do nada surgia a indagação, 7 vezes 9? No susto, respondia errado, até porque também não sabia a resposta, até hoje não sei, enquanto escrevo tento lembrar quanto é e não estou conseguindo. Mas a preocupação dos meus pais com a aprendizagem foi realmente importante. Não me tornei um catedrático por isso, nem cheguei perto, tampouco meus irmãos homens, apenas minha irmãzinha que seguiu uma carreira educacional e hoje é uma experiente professora. As muitas fases da educação no Brasil revelam os desafios que essa etapa representa na vida dos brasileiros. Falando apenas dos últimos anos, uma pandemia e o desprezo pelo desenvolvimento educacional do governo anterior resultaram em ainda mais dificuldades, deixando o que já era ruim ainda pior. É urgente que uma mudança se apresenta ante aos desafios que se mostram. Quando observo as instituições de ensino médio percebo uma certa indefinição apesar de serem apontadas oportunidades aos alunos. O que parece é que os gestores e professores ainda não entendem o quanto sua influência nesta fase da vida dos estudantes é importante para criar expectativas de futuro e abrir a mente às possibilidades de qualificação profissional que já existem nesta fase da vida. Tudo isso é claro está calcada em uma estrutura de vida destes jovens que necessitam de uma base familiar adequada, uma realidade atual bem distante daquele 1989 em que eu vivia. Eram tempos difíceis, mas agradeço por ter tido meus pais, irmãos, tios e primos por perto para estruturar minha infância e me direcionar em um caminho. Os tempos à frente são mesmo incertos, a educação é uma incógnita, não somos hoje como nossos pais. Confiemos que haverá tempos bons. 7×9 é 63.

Arley da Cruz – 27.07.2023