Crônica do Dia - Alfabetizar - Rede Luziânia

Eu tenho observado com outro olhar a janela da educação. Sou filho de professora. Minha mãe lecionava, escrevia histórias e poesias, cantava com alegria. Cultura e educação permeavam meu ambiente familiar. Papai era atento aos fatos e últimos acontecimentos. Tenho certeza que ele não seria um negacionista. 

Hoje, 14 de novembro, é o dia nacional da alfabetização. Importante lembrar que ainda temos muito a fazer para que a educação alcance os que mais precisam. Em Luziânia existem milhares de pessoas sem emprego. Cerca de 70% não possuem ensino médio. Não é raro encontrar pessoas não alfabetizadas buscando emprego. Isso afeta a busca por trabalho, infelizmente leva também a informalidade ou subempregos. Alfabetização e cidadania são inseparáveis. Alfabetizar é um ato de amor. É preciso amar para alfabetizar. 

Temos muito que celebrar no que diz respeito à educação infantil em Luziânia. As escolas estão cheias de crianças e a qualidade do ensino nos anos iniciais é boa. Praticamente em todos os bairros existem escolas primárias. Nas regiões rurais também é fácil encontrar bons exemplos. A distância ainda é um empecilho, amenizada pelo transporte escolar gratuito oferecido pela prefeitura.

Até mesmo nos centros de detenção existe o acesso à educação. No centro de inserções também. A educação especial recebe atenção. A escola Eugênia Campos Coelho está a mais de três décadas atendendo os alunos especiais de Luziânia e região. A escola Maria Teixeira é referência nacional de boas práticas educativas e está localizada no Jardim Ingá. Podemos ainda melhorar muito na educação ambiental logo na formação inicial.

Esta observação holística do ambiente educacional em Luziânia parece ser uma propaganda institucional, mas não é. A realidade é que a muitos anos a cidade parece ter uma preocupação voltada para a educação infantil, especialmente nos anos iniciais. Por que isso acontece? Pode ter certeza que foram as lutas antigas que nos levaram até aqui! Foram anos de lutas por melhoria na educação. Professores, diretores, sindicatos e políticos sempre impuseram as demandas ao poder público na busca de soluções. Professores protestaram, reivindicaram, fizeram greves para poder alcançar os mínimos direitos necessários para o trabalho docente em Luziânia.

O reflexo das lutas vem por meio de políticas públicas voltadas para os educadores, isso precisa ser provocado. Político tem dificuldade em entender os benefícios de cuidar da educação. Até os políticos que só se elegerem graças aos votos das pessoas da área da educação vão se esquecendo de onde vieram. É uma amnésia terrível que dura uns três anos e meio. Na época certa elas e eles voltam a usar os apelidos de professor, diretor etc.

O tempo da alfabetização é maravilhoso. A gente quando aprende a ler quer ler tudo quanto há. Qualquer placa pendurada se torna nosso objeto de pesquisa. Tem que ler em voz alta, para mostrar que somos alfabetizados. 

Quando a família participa na alfabetização, o trabalho do professor fica bem mais fácil. Mas mesmo se for complicado, quando a alfabetização chega, ela fica, fica marcada, registrada, é igual a aprender a domar a bicicleta, aprendeu já era. Mas assim como andar de bicicleta, não pode parar, senão cai e vai desaprendendo se não praticar. Paulo Freire, o patrono da educação brasileira disse: ‘Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”.

Arley da Cruz – 14.11.2023