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Hoje, 21 de setembro é o Dia da Árvore, vivas! Exatamente nesta semana de setembro, o calor está quase matando todos nós que subsistimos nesse Goiás velho sem porteira. A ideia de que deveria deixar passar a boiada, frase de um certo sinistro que vagou por aí, até ser escorraçado e sair fugido por cometer crime ambiental, ainda ameaça nossas árvores Brasil adentro. A máxima de que uma árvore enraizada no chão é tão somente uma que ainda não foi arrancada de lá e que portanto deve ser tirada do seu lugar, preenche o vazio mental de inúmeras pessoas. Falta a racionalidade da importância de uma única árvore para nossa vida. Sim, uma árvore faz toda diferença. Nesse calor todo sentimos isso. As ruas de Luziânia já foram bem mais arborizadas. A Avenida Alfredo Nasser era linda, diversas árvores traziam beleza e frescor naquela região da cidade. A alguns anos atrás, algum suposto progressista teve a ideia brilhante de cortar todas elas. No lugar colocaram algumas palmeiras, a refrescância da sombra daquelas árvores foram embora com essa brilhante ideia. É impressionante a capacidade de gestores municipais terem péssimas ideias. São peritos em errar a mão. Substituir uma árvore que está madura e consolidada por uma palmeira é uma ideia de jerico. Quando chega o calor fatal de agosto e setembro é que fica mais evidente a falta que elas fazem. Não tenho pretensão de ser um lembrador de fatos da cidade de Luziânia, mesmo assim eu lembro de algumas coisas. Quando começo a escrever vou lembrando ainda mais. Lembrei agora das enormes árvores que haviam na Praça da Cirrose. Foram todas cortadas. Há mais plantaram outras. Me recordo, eu estava lá. Mas aquelas que realmente cobriam tudo fazem muita falta. As lindas árvores da Praça Gelmires Reis, deixaram algumas pelo menos. Árvores na Praça Evangelino Meireles, também já teve um dia. Acabaram todas. Na verdade, naquela praça, acabou tudo literalmente. Acabaram com a praça. Se você não tem ideia das árvores do passado, que foram destruídas e talvez nem entenda porque eu reclamo disso, convido você a passar pela Avenida Central ou na Avenida Santa Maria no Setor Aeroporto. Observe a diferença que faz uma avenida arborizada. Faça uma visita em uma tarde dessas de setembro e confira. Passeie no passeio, ande pelas largas calçadas que foram muito bem elaboradas, faço questão de elogiar as calçadas construídas nestas avenidas de Luziânia, elas fazem enorme diferença para as pessoas que assim como eu, andam a pé pela cidade, que pedalam pela cidade e tiram um tempo para observar os detalhes de nossa cidade. Mas hoje é o Dia da Árvore. Bem ali, na Rua Joaquim Mendonça Roriz, havia um lindo Pé de Ipê. Era rosa, maravilhoso. Havia. Nesta semana, algum desalmado ou empregado, assassinou o Pé de Ipê. Citando Belchior, ele, o Ipê, apenasmente florava. Seu erro era ser bonito demais e estar no local onde algum cidadão vai edificar qualquer coisa. Se um projeto de lei nº 4650/21, que tramita no Legislativo goiano que declara o Ipê como imune ao corte, tivesse sido aprovado e sancionado pelo governador de Goiás, alguém poderia ser preso por cortar o Ipê, mas a lei nunca foi pra frente. Isso apesar de já existir o artigo 70 da Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012. E de dizer assim no inciso II: declarar qualquer árvore imune de corte, por motivo de sua localização, raridade, beleza ou condição de porta-sementes; O que vai ficar daquele Ipê, são as belas lembranças, as lindas imagens, vídeos e pinturas. A mão do homem é poderosa para realizar e destruir. Dentre os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas, o Objetivo 15 trata de Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade. O Brasil deve ser referência neste tema. Mesmo uma só árvore derrubada deve ser um alerta, não pode passar despercebido. É claro que cortes e podas são precisos ou até mesmo necessários, mas isso não deve ser o mote das pessoas. Um projeto de lei apresentado na câmara de Luziânia falava sobre a necessidade de arborização. Foi proibido de avançar. Novas leis que incentivam o plantio e que puna os agressores da natureza deveriam ser aprovadas por unanimidade e não vetadas na cidade de Luziânia. A criação de mais parques ecológicos como por exemplo no distrito do Jardim Ingá, praças mais arborizadas e a exigência de plantio de espécies nativas do Cerrado em novos condomínios e loteamentos e a proibição do corte das árvores nativas que já estão nestes locais. As árvores são seres suscetíveis a desinteligência humana, assim como outros seres humanos. Ali, no Olho d’Água, tem um bom exemplo do cuidado que se deve ter. No lugar de cortar ainda mais, novas árvores foram plantadas e o espaço foi cercado para proteger o local onde existe uma nascente. Um bom trabalho da secretaria de meio ambiente de Luziânia. Que possam fazer ainda mais. Arborizar mais. Proteger mais e até mesmo, educar muito mais as novas gerações. Sou um entusiasta de ver sementes germinando, árvores crescendo, flores pululando e os frutos produzindo. Nós vamos passar, as árvores são feitas pra ficar.
Arley da Cruz – 21.09.2023